13.4.01

Ontem, finalmente comecei a ler Cultura da Interface, de Steven Johnson. Até agora - no prefácio e no primeiro capítulo - sem grandes novidades. Johnson nega a distinção entre cultura e técnica, engenharia e arte, apontando exemplos de artistas-engenheiros, como Leonardo Da Vinci. Os designers de interface fariam parte dessa tradição.

Há uma retomada das idéias de McLuhan sobre como a aceleração tecnológica permite enxergar o modo como os meios funcionam. Johnson faz uma relação bem interessante entre McLuhan e Marx: ambos veriam a velocidade das modificações como benigna. McLuhan por ela permitir a "compreensão das causas". Marx por que ela forçaria a sociedade capitalista a se enxergar historicamente, o que acabaria colocando o sistema em crise.

No primeiro capítulo há uma breve análise de como o trabalho de Doug Engelbart modificou a visão da técnica. O mouse e a manipulação táctil dos dados criou a possibilidade de enxergar a tecnologia como um espaço, em lugar de uma prótese.

A partir daí, Johnson faz uma análise extensa do que ele chama de "mídia parasitária" ou "meta-mídia": programas de tv, colunas de jornal e revistas que tratam da mídia. Johnson diz que o fenômeno da "meta-mídia" é que ele indica que a própria esfera da mídia é pensada como tão real quanto outras.

Essa "meta-mídia" seria uma antecipação dos meios que vão aparecer em breve. O que estaria sendo antecipado? Os filtros flexíveis que a informação digital exige. Esse filtro seria justamente a interface.

O papel da interface seria o mesmo dos romances urbanos da Revolução Industrial ou das peças de Shakespeare: prever o novo cenário e ir preparando nossa sensibilidade para ele. Mais uma vez, Johnson vai ao encontro de McLuhan, que via o artista como capaz de perceber os ambientes e contra-ambientes e falar deles.

Procurando algum trecho em que McLuhan fale sobre o artista em Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem não consegui encontrar. Cadê o índice remissivo?(RSF)